Raphael Munhoz e Ricardo Mariano, ambos nascidos em 1986, são amigos e vizinhos de Campo Grande (MS) desde os seis anos. Das brincadeiras de infância na rua - "pega-pega, bete, futebol", lembra Munhoz em entrevista ao G1 -, resolveram, há sete anos, brincar de ser cantores, "só para ganhar uma cervejinha". A diversão virou profissão em 2009, com o primeiro CD, e se transformou em febre com "Camaro amarelo", gravada para o DVD que só sai agora, em outubro, mas já estourada desde o início do ano, com mais de 26 milhões de cliques no YouTube.
A dupla canta em São Paulo, nesta quinta-feira (4), no Villa Country, lançando o DVD "Ao vivo em Campo Grande II". O rebolado de Mariano no palco não tem aprovação unânime. "Quando a gente começou, a grande maioria criticava muito, não era pouco. Hoje, todos eles estão tendo uma desenvoltura bacana no palco e eu fico feliz de saber que a gente foi pioneiro nisso aí", diz. Mas ele mesmo voltou atrás na ideia de usar uma fralda no palco, fantasia que inspirou a música “Vem cuidar desse bebê”. "Eu nem ia usar em todos os shows, mas como a mídia achou um pouco apelativo, eu já larguei mão", anuncia.
G1 - Já estão testando alguma música nova de trabalho, depois de “Camaro amarelo”?
Mariano - Não temos definida. Mas acredito em “Balada louca”, com João Neto & Frederico.
G1 – João Neto & Frederico são os cantores de um dos grandes sucessos do ano, “Lê lê lê”, junto com o “Camaro amarelo”. Acha a união pode tornar a faixa forte?
Munhoz - Pode ser uma música de virada. Mas a gente não pensou no sucesso de cada um. O fator relevante do convite foi a amizade. A gente acredita que pode ser sucesso, porque já está na internet e nos shows. Depois da “Camaro amarelo”, é a nova que está tendo a maior repercussão. Mas não decidimos que será música de trabalho ainda. Um dos compositores é o Marco Aurélio, o mesmo de “Camaro”. Dá pra ver que é um compositor de mão cheia.
G1 - "Eu vou pegar você e tãe", de vocês, tem 10 milhões de views no YouTube, "Sexto sentido" tem 3 milhões. Mesmo assim vocês hoje são muito mais conhecidos por "Camaro amarelo". Têm medo de ficarem marcados só por essa música?
Mariano - “Camaro” veio forte. É claro que a gente se preocupa em lançar uma música tão boa quanto. A expectativa é essa, a responsabilidade aumenta muito. Mas gente já tinha músicas fortes no nosso estado, vencemos o Garagem do Faustão. Como você citou, não somos artistas de uma música só.
G1 - Vocês já sofreram críticas por terem um trabalho mais irreverente. Como lidam com elas?
Munhoz - Crítica todo mundo tem, ninguém é perfeito. Criamos nossa identidade desse jeito irreverente, da dança. Tem gente que não gosta, mas tem muito artista que nunca dançou no palco, e hoje você presta atenção em show sertanejo e está todo mundo dançando. Pode ter puxado para o nosso lado esse lance de rebolado. Pular todo mundo pula. Agora, o lance de rebolar, requebrar, usar a sensualidade no show, veio junto com o Munhoz & Mariano.
G1 - Acham que têm influenciado outros artistas sertanejos a apostar nisso?
Mariano - Demais. Quando a gente começou, a grande maioria criticava muito, não era pouco. Hoje, todos eles estão tendo uma desenvoltura bacana no palco e eu fico feliz de saber que a gente foi pioneiro nisso aí. Mesmo os que criticaram estão se adequando
G1 – Mariano, como surgiu a ideia de usar fralda geriátrica no palco?
Mariano - Eu tinha feito a história da fralda num show no Carnaval. A gente tocou em Votuporanga (SP), numa festa muito famosa. E tem uma hora do show em que a gente faz um funk. Resolvi brincar, como era uma festa à fantasia, e entrei de fralda. O Marco Aurélio [compositor de “Camaro amarelo”, “Balada louca” e outras] viu as fotos e acabou compondo “Vem cuidar desse bebê”. Quando a gente foi lançar a música em um show em São José do Rio Preto (SP), as fãs pediram muito, e eu resolvi usar de novo. Mas acabou que não foi muito bem aceito pela mídia.
G1 - Você parou de usar a fralda?
Mariano - Eu nem ia usar em todos os shows, mas como a mídia achou um pouco apelativo, eu já larguei mão, declarei no Twitter. [No dia 20 de setembro, o cantor respondeu a um seguidor de seu microblog: “Acho que aposentei a fralda, muito bolor, kkkkkkk”]
G1 - Mas você não acha que prestar atenção nas críticas da mídia pode tornar o trabalho menos divertido?
Mariano - Não desisti da fralda só pela crítica, já não era uma coisa a ser feita em todos os shows. Mas como não agradou também, eu já declarei que não ia ser feito mais. Até porque surgiram alguns problemas internos, umas conversas. Mas não foi uma coisa que me chateou.
G1 - Na música brasileira, muitas mulheres usam a dança e o corpo para chamar atenção. Não só as artistas mais populares, mas cantoras de MPB também têm posturas mais sensuais. Você acha que ser homem e rebolar rende mais críticas?
Mariano - No começo eu sofri muito, pelo preconceito. Mas todo mundo que criticou está pagando língua. Hoje é tudo muito eclético, aberto, a música se renova a cada dia.
G1 - Vocês provocam bastante as fãs no palco. Já ficaram ou ficam com fãs? Têm regras em relação a isso?
Mariano - Não tem regra. Se rolar química, se qualquer um dois se interessar... Já fiquei com várias fãs, fico até hoje, não tem problema nenhum.
G1 - Vocês já disseram que sonham em cantar com o Milionário e Zé Rico. No último show em Barretos, o Zé Rico agradeceu a presença “das famílias”, e elogiou Victor & Leo, “que canta com seriedade”. Acha que o trabalho de vocês funcionaria junto com o trabalho mais tradicional deles?
Mariano - Funcionaria. Temos uma identidade mais irreverente. Mas no disco tem desde música romântica a outros estilos. A minha linha de composição é de música romântica. Tenho que cantar o que o público quer ouvir, mas meu gosto musical é mais romântico.
G1 - Acha que o novo sertanejo é menos levado a sério do que deveria?
Mariano – Não. O novo sertanejo toca em regiões onde antes não era aceito. Hoje todo mundo valoriza. Cada dia vem conquistando mais o espaço. Quem não aprova vai se adequando. É uma coisa de mercado. É muito respeitado, tem um valor merecido.
Munhoz & Mariano em São Paulo
Quando: Quinta-feira (4). Abertura às 20h e show 0h
Onde: Villa Country - Av. Francisco Matarazzo, 774, Água Branca
Quanto: R$ 70,00 (2º Lote)
Ingressos: www.ticket360.com.br
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